Uma vida com propósito!

Sabes de que quero falar hoje? Da felicidade que sinto por estar a chegar o momento em que me é permitido descansar, e viver aquele período mágico a que chamamos férias! Há meses que sonho com os passeios à beira mar. Com o poder brincar com os meus filhos. Com os serões passados com amigos, em que podemos ficar à conversa sem pressas, enquanto  desfrutamos da companhia uns dos outros. Com as conversas cúmplices com a minha mulher, que me faz perceber porque me apaixonei por ela! Com aquele momento que me é permitido ser só e apenas eu! Sem expectativas, sem títulos, sem objetivos, sem nada. Aquele momento em que me dispo de todos os papéis e me dou luxo de simplesmente ser!

Enquanto te ouvia não podia deixar de esboçar um sorriso! Há meses que me falavas de tudo aquilo em que acreditavas que tinhas de te tornar, e hoje que era suposto ser um momento de balanço, tudo isso parecia ter deixado de ser importante! 

Na realidade eu sabia o que se estava a passar, assim como tu. O único problema era saber se era o momento certo para falarmos nisso. Entre o teu medo, e a minha necessidade de te ser útil, abateu-se entre nós o silêncio. Para mim, o grande desafio era saber ler o teu silêncio. Para ti, o desafio era saberes estar com o teu silêncio.

Ficamos alguns momentos calados, até que me disseste aquilo que eu sabia há muito. Tenho dúvidas! Muitas dúvidas! Acho que tudo aquilo que tenho trazido para as nossas conversas são apenas manobras de distração, para não ter que me obrigar a olhar para aquilo que verdadeiramente me preocupa. Não consigo perceber se estou a dar o melhor de mim! Mas mais importante que tudo isso, não sei se estou a fazer aquilo que é suposto. Se estou a acrescentar valor. Se estou a conseguir fazer com que a minha existência faça sentido. Se a minha passagem pela vida, contribuí para que o mundo seja um lugar melhor.

Deixei-te falar, até ao momento em que simplesmente não havia mais nada a dizer. E nesse momento em que finalmente respiraste, olhei para ti e sorri. Conseguia imaginar como te estavas a sentir, enquanto te debatias com um dos maiores medo da condição humana... viver uma vida desprovida de propósito!

Fiquei orgulhosa de ti! Todas as nossas conversas tinham valido a pena... e eu, tal como tu, podia ir de férias feliz!

Anabela Possidonio