Ensinar com o Coração
E de repente… passaram 6 anos! Enquanto refletia sobre estes 6 anos, pensava sobretudo nas pessoas que se cruzaram na minha vida e com quem tanto aprendi.
Este momento de reflexão é sobretudo potenciado pelo fim de um ciclo da vida de uma das minhas filhas. A vontade de escrever surge como uma forma de agradecimento às professoras que a guiaram no seu caminho, e com quem tanto aprendi.
Com elas aprendi que é possível ensinar com o coração. Que é possível estimular as crianças intelectualmente, enquanto se ensina a ser feliz.
E aprendi também que, quando aprendemos com o coração, conseguimos contagiar a vida dos outros, e fomentar a felicidade.
Aprendi ainda que, com esta forma de aprendizagem todos os caminhos são possíveis. Posso ser ginasta, cantora e bióloga marinha. Posso superar as minhas limitações, tentar coisas novas, acreditando que o suporte que tenho do grupo me vai ajudar a superar os medos. E aprendi também a rir-me de mim própria, olhando para cada falha como uma oportunidade de aprendizagem e não como um bloqueio mental.
E o que é que todos temos a aprender com isto? Sobre o que é que devemos refletir? Devemos refletir sobre o impacto de transformar a aprendizagem num processo cognitivo, desprovido de emoção.
Quando se fala no líder emocionalmente inteligente é nisto que devemos pensar. Como é que posso criar um ambiente propício a que as pessoas possam arriscar, onde se sintam seguras e não tenham medo de tentar. Que não estejam condicionadas perante um potencial julgamento do grupo ou por uma potencial punição.
Na minha atividade como coach tenho o privilégio de me cruzar com pessoas fantásticas, e perceber a abrangência do potencial perdido. Pessoas que se desligaram emocionalmente das suas empresas por forma a se protegerem. Pessoas que deixaram de tentar fazer algo diferente porque estão imersas numa cultura em que errar é sinónimo de fracasso. Pessoas que simplesmente desistiram!
Desistiram das suas empresas, e muitas vezes de si próprias! Quantas vezes nos cruzamos com pessoas que querem mudar de vida e que a sociedade as empurra a continuarem a ser o que sempre foram? Em que em vez de se olhar para as suas competências e motivações, se continua a olhar para a sua especialização funcional? Em que não lhes são dadas oportunidades, apenas pelo medo de arriscar? Em que se continuam a avaliar as pessoas, tendo apenas como base a sua evolução na empresa, não havendo o cuidado de perceber quis são as suas paixões e interesses, e como essas paixões podem ser potenciadas em contexto empresarial!
Olhando para a frente acredito que os desafios são gigantes, quer ao nível da educação, quer da cultura empresarial. Como é que, num contexto de tecnologia acelerado, podemos criar empresas mais humanas? Como é que, num contexto de elevada competitividade, podemos extrair o valor do grupo? Como é que, num contexto de massificação, podemos potenciar o individuo? Em resumo, como é que, num contexto de racionalização, podemos ensinar com o coração!