Porque me julgas?
Sabes o que descobri no outro dia? Que aquilo que tinha feito com a melhor das intenções, foi interpretado pelos outros como uma tentativa de aproveitamento!
Enquanto o meu interlocutor se dirigia a mim, não pude deixar de reparar o quanto aquela situação o tinha afetado. Desde a forma como se sentava, até à forma como falava, passando pela sombra no seu olhar, tudo eram sinais de tristeza e desapontamento.
Nesse momento iniciamos uma conversa à volta de porquê, e como julgamos os outros.
No meio das nossas reflexões, alguns pensamentos dominaram a conversa. Quando julgamos os outros, usamos como ponto de partida, a forma como estamos no mundo. Só conseguimos projetar aquilo que a nossa imaginação consegue criar, tendo como referência a nossa própria realidade.
E é por isso que, por vezes, é tão difícil percebermos como nos vêem e nos julgam. E é por isso que, muitas vezes, levamos um verdadeiro ‘murro no estômago’, quando de repente nos apercebemos que a forma como estamos no mundo, nem sempre é projetada no outro, de acordo com as nossas intenções.
E se isto é verdade nas várias esferas da nossa vida, quando a questão se coloca a nível profissional, a tentação de julgar parece ganhar ainda mais relevância. Torna-se muito mais difícil ver a pessoa, para lá da função que ela ocupa. E, parece que, quanto mais alta é a posição que se ocupa, maior é a tentação de julgar.
É assim um grande desafio para os líderes conseguirem construir organizações em que as pessoas conversem mais, e julguem menos. É também um grande desafio, para cada um de nós, darmos a conhecer a pessoa, por detrás da função.
Contudo, e independentemente de ser uma responsabilidade de todos nós contribuirmos para que nas organizações se tenham diálogos honestos e baseados na confiança, também é importante aceitar que seremos julgados. Ter essa capacidade é conseguir perceber que, por vezes, as pessoas vão interpretar as nossas ações, de uma forma que não julgávamos possível. E nesse jogo de aceitação, é importante distinguir entre aquilo que os outros julgam que somos, e aquilo que realmente somos.
Desenvolver essa capacidade ajuda-nos a perceber que, muito mais importante do que aquilo que pensam sobre nós, é agirmos de acordo com o nosso sistema de valores. E que ao fazemos isso, tornamo-nos mais fiéis a nós próprios e conseguimos libertar-nos de todo o julgamento!